01 mar
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Oscar e Escolas de Samba: os 3 modelos vencedores de inovação e o papel dos líderes

Os ganhadores do Oscar e as escolas de samba vencedoras emocionaram milhões de pessoas com inovações simples e poderosas. Líderes de empresas dos mais variados tamanhos têm muito a aprender com a cultura dos estúdios de cinema e dos barracões que levaram ao mundo essas inovações. “O papel da cultura corporativa, na maneira como se desenvolvem e se aceleram as inovações, é ainda mais importante do que ter grandes talentos na equipe ou realizar pesquisas profundas sobre o consumidor”, afirmou o Program Director do iPL, Marcos Thiele. “Grandes diretores de cinema e de escolas de samba sempre conseguem inovar, não porque contrataram consultorias ou especialistas, mas porque inovação é parte de sua cultura. A fonte mais crítica para o sucesso do negócio é a cultura da organização.”

Para Thiele, as companhias que conseguem converter despesas com Pesquisa & Desenvolvimento [P&D] em produtos de sucesso têm líderes capazes de ultrapassar a etapa das ideias e mobilizar suas organizações para implementar as inovações nos seus negócios. “Tanto no âmbito de inovação de produtos como na reinvenção da gestão, o líder precisa aprender a tomar maiores riscos, lidar com o fracasso como forma de aprendizagem, acelerar a execução das inovações, e incentivar que se mexa em time que está ganhando, para que consiga ganhar ainda mais”, comentou Thiele. Caso contrário, todas as tentativas de implementar ferramentas ou técnicas empacotadas para gerar inovação falharão.

Quando se considera o retorno financeiro para a organização, não há nenhuma relação estatística significante entre performance financeira e o nível de investimento em inovação, como afirmam os especialistas Barry Jaruzelski, John Loehr e Richard Holman no artigo “The Global Innovation 1000: Why Culture Is Key”. Independentemente do investimento que se faça, para que a inovação seja bem-sucedida, sua estratégia deve estar 100% conectada com toda a organização. Os líderes de P&D e todos os outros executivos precisam promover uma cultura que contenha criatividade, abertura e colaboração.

O artigo é pautado pela pesquisa “Global Innovation 1000” que, anualmente, estuda a inovação nas mil empresas que mais investem em P&D no mundo. De acordo com o estudo, companhias com foco em produtos e serviços de ponta elegem um dos três modelos estratégicos de inovação, assim definidos pelos especialistas: “Seeking Needs”, que busca maior proximidade dos clientes para entender as demandas e anseios do consumidor; “Reading the Market”, que acompanha cada passo dos concorrentes e de seus clientes, com foco no lançamento de inovações capazes de gerar valor; “Driving Technology”, com alto investimento em P&D para desenvolver novos meios tecnológicos.

Escolas de samba seguem a estratégia “Reading the Market”, acompanhando de perto as inovações que suas concorrentes levam para a Avenida. Tem-se escala e rapidez na incorporação de novas tecnologias, como a substituição do ritmo do samba pelo som de um violino, telões gigantescos nos carros alegóricos, o “homem mola”. Já, o filme O Artista compreendeu de maneira mais profunda a estratégia “Seeking Needs”, revivendo a magia do cinema mudo e Preto&Branco enquanto diretores norte-americanos investem milhões de dólares para lançar filmes com efeitos especiais em 3D. “A invenção de Hugo Cabret” também trata de um mergulho ao passado, enaltecendo os tons de sépia em uma Paris ambientada na pós-Primeira Guerra Mundial. Muitas vezes, as empresas esquecem exatamente o que passa na mente do consumidor: imagens, aspirações e sonhos, e perdem a oportunidade de incorporar esses elementos em seus produtos e serviços. “Esses insights não podem vir somente das áreas ligadas a P&D, mas os líderes devem trabalhar para que todos os integrantes da organização estejam conectados com essas estratégias”, disse Marcos Thiele.

O estudo “Global Innovation 1000” conclui que cultura é a chave para o sucesso de uma inovação, e que seu impacto na performance deve ser mensurável. Apenas 44% das companhias pesquisadas afirmam que mantêm suas estratégias de inovação alinhadas com seus objetivos de negócios e que se esforçam para incentivar uma cultura de inovação. Os dados confirmam o que já se esperava, mas que não se conseguia mensurar: essas companhias entregaram crescimento de valor 33% maior, e 17% a mais de crescimento dos lucros em cinco anos, em comparação com aquelas organizações nas quais faltava alinhamento.

Como líderes, devemos nos questionar sobre o que faz empresas como Apple, 3M e GE manterem-se na lista das organizações mais inovadoras do mundo. Ou como um diretor de cinema lança um filme mudo em Preto&Branco na era do 3D, e ainda consegue levar para casa cinco estatuetas do Oscar. Como surpreender com uma comissão de frente que poderia simplesmente repetir uma mesmice colorida ao longo dos anos e colecionar 34 Estandartes de Ouro? “Compreender essas ideias torna-se ainda mais importante neste momento em que os gastos com inovação voltam a crescer”, concluiu Thiele. Se mais companhias puderem ganhar força na definição do alinhamento estratégico e eliminar gaps de cultura para realizar melhor seus objetivos, a performance financeira dessas organizações não somente melhorará, como elas terão ganhos suficientes para aprimorar, inclusive, a taxa de crescimento da economia global.

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