O novo Steve Jobs será brasileiro
Rebelde. Criativo. Carismático. Orientado a resultados. Assim foi Steve Jobs, e, de acordo com o projeto GLOBE (Global Leadership and Organizational Behavior Effectiveness), assim também é o líder brasileiro. Jobs lançou o Apple II aos 22 anos, após trabalhar na Atari, passar sete meses na Índia e conseguir atrair uma pequena equipe brilhante. Depois, em 1984 – já com 29 anos – trouxe ao mundo sua primeira grande inovação, o Macintosh. Foram oito anos de trabalho árduo na Apple, mente aberta e inconformismo criativo. Se milhares de líderes brasileiros mantiverem a personalidade que foi identificado nas principais pesquisas sobre estilos nacionais, com o momento favorável vivido pelo país, o próximo Steve Jobs será brasileiro, e figurativamente lançará seu “Macintosh” daqui a oito anos, em 2020.
O Amadurecimento do Líder Brasileiro Global
Já vemos brasileiros despontando em diversos segmentos globais – Eduardo Saverin do Facebook, Mike Krieger do Instagram, e o ícone do megaempreendedorismo Eike Batista são alguns exemplos iniciais de uma onda de líderes globais que começa a se acentuar. Até pouco tempo, os líderes brasileiros globais destacavam-se mais em algumas empresas multinacionais que tradicionalmente operavam no nosso mercado interno. Unilever, Johnson&Johnson e Philips têm executivos brasileiros em posições de destaque, mas que foram desenvolvidos inicialmente com foco local. No momento em que o nosso país cada vez mais se abre globalmente, e os gestores precisam estabelecer contato desde cedo com realidades e culturas diferentes das suas, o potencial de desenvolvimento é impressionante. Dentre os BRICS, o Brasil destaca-se nas três dimensões de liderança global mais alinhadas com o que se espera de um líder moderno, de acordo com o projeto GLOBE:
– Carisma orientado a resultados: o líder brasileiro supera os outros BRICS, ficando em 14º lugar no mundo. Dentre os países com escala continental, perde apenas para os EUA.
– Espírito de equipe: segundo lugar mundial, perde apenas para o Equador. O membro dos BRICS que fica logo em seguida, a Índia, encontra-se em 42º lugar na amostra de 62 países.
– Decisão participativa: primeiro lugar mundial como país. Apenas a região do Canadá que fala inglês supera o Brasil nesse quesito, tão importante para gerar ideias inovadoras, capturar diferentes perspectivas e atrair as novas gerações.
Esses dados foram reunidos desde a década de 90 por mais de cem pesquisadores nas áreas de Ciências Sociais, Liderança e Administração. Cabe destacar, ainda, que o líder brasileiro, na mesma pesquisa, foi considerado o menos individualista de todos, e um dos mais avessos a processos rígidos.
As Oportunidades de Desenvolvimento
Essas características do líder brasileiro estão sendo potencializadas pelo nosso momento. Economicamente, o crescimento do país tem trazido contato cada vez mais frequente e intenso com outras culturas. Recebemos diariamente investidores de todas as partes do mundo, fornecedores das mais diversas regiões e trabalhadores que migram para aproveitar oportunidades locais. Potenciais mercados abrem-se para nossas empresas, que – mais capitalizadas que a média global – começam a se expandir. Nos principais restaurantes de São Paulo, pode-se escutar ao mesmo tempo vários idiomas sendo falados simultaneamente. Politicamente, o Brasil vem se destacando nos principais fóruns mundiais. Nosso equilíbrio (em pesquisas de culturas nacionais, o Brasil costuma sempre ficar “no meio” entre os extremos das várias dimensões), a facilidade de relacionamento, as instituições democráticas e a representatividade regional nos dão grande peso. Demograficamente, nossa jovem classe média – naturalmente voltada a empreender, consumir e inovar – adicionam força ao nosso momento.
No entanto, temos importantes gaps a superar no desenvolvimento de nossos líderes globais. Mansour Javidan, professor da Thunderbird Global School of Management e do CGBA, identificou três blocos em que os líderes globais precisam se desenvolver.
– Capital Social: habilidade de se conectar emocionalmente com várias culturas, aglutinar diferentes pontos de vista, desenvolver consenso, construir relacionamentos e agir diplomaticamente.
– Capital psicológico: abertura à mudança, paixão por diversidade e aventura, auto-confiança.
– Capital Intelectual: conhecimento de negócios internacionais, visão cosmopolita, capacidade de compreender ambientes complexos e modelos de negócio distintos.
As pesquisas nos indicam que o brasileiro vai muito bem na primeira dimensão (capital social), bem na segunda (capital psicológico), mas tem muito a aprender em relação à terceira. A boa notícia: é mais fácil desenvolver o capital intelectual que as duas outras dimensões. Nossa experiência, que resultou no CGBA (Certificate in Global Business Administration) em parceria com Thunderbird, indica que isso se desenvolve de algumas maneiras:
– Estudos de caso sobre diferentes realidades empresariais e culturais
– Participação em eventos em que são discutidos elementos estratégicos de negócios internacionais
– Reflexão e auto-conhecimento sobre as dimensões de liderança global
– Dinâmicas e simulações de contextos de negociação multi-cultural
– Debates com outros líderes que já passaram por experiências de internacionalização.
Você está pronto para esse novo momento? Tem em sua organização líderes com a rebeldia, a orientação a resultados e habilidade de mobilização global como Steve Jobs?